28 de dezembro de 2010

Pitadas de Poesia - Fernando Pessoa

Poesia Felicidade

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!


Travessia
 
Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado,
para sempre, à margem de nós mesmos.

9 de dezembro de 2010

Sobre a Linguagem

Todos nós sabemos utilizar a linguagem, pois nos comunicamos por meio dela de várias maneiras: falada, cantada, escrita etc. Algo bem comum, mas nada fácil de conceituá-la, desde a Grécia antiga, pensadores, filósofos, linguistas se debruçam sobre esta forma de comunicação que engloba outras tantas.
Há muitas questões que envolvem a linguagem, tais como: há linguagem sem pensamento? A linguagem é inata?
Para Émile Benveniste, linguista, somente os humanos têm linguagem, os animais têm comunicação. Ele acredita que existe uma subjetividade na linguagem, assim como Freud, Lacan enxergam por meio da psicanálise.
Vou fazer uns "mini-posts" sobre alguns autores, digo "mini", porque seria impossível falar profundamente sobre cada um deles.

"A filosofia é uma luta contra o enfeitiçamento de nosso pensamento por meio da linguagem"
Wittgenstein

29 de novembro de 2010

Ops! Parte 4

Outro problema que se apresenta quando escrevemos (e quando falamos) é a concordância entre sujeito e verbo em frases invertidas.

Exemplos:

Aconteceram muitos casos de reclamação - Aconteceu muitos casos de reclamação
Acabaram as senhas para o show - Acabou as senhas para o show
Ficam estabelecidas as seguintes alterações - Fica estabelecido as seguintes alterações
Foram feitas várias propostas - Foi feito várias propostas
Vão aparecer mais candidatos à vaga - Vai aparecer mais candidatos à vaga

18 de novembro de 2010

Ops! Parte 3


O problema central da crase são as exceções. Teria de fazer várias partes do Ops! para contemplar tais particularidades. O que vou expor aqui são as dúvidas (e inadequações) mais frequentes.

1- Não existe crase antes de verbos: ex.: A partir, ou seja, não existe à partir
2- Não existe crase antes de palavras masculinas. Ex.: Vou a pé. Exceto quando referir-se "à moda de".  Ex.: Sapato à Luis XV (Sapato à moda de Luis XV)
3- Não existe crase entre palavras repetidas. Ex.: Dia-a-dia
4 - Não existe crase antes de pronomes pessoais. Ex.: Escrevi a você.

Ocorre crase quando:

1- Ao substituir a palavra feminina por uma masculina, aparece a combinação "ao".
Ex.: Amanhã iremos ao colégio - Amanhã iremos à escola
2- Se vou a e volto da, crase há. Ex.: Se vou à escola, volto da escola
    Se vou a e volto de, crase pra quê? Ex.: Vou a São Paulo, volto de São Paulo
3- A crase é facultativa antes de pronomes possessivos e nomes próprios femininos. Ex.: Voltei às minhas origens.

12 de novembro de 2010

Ops! Parte 2


A parte dois da "saga" Ops! refere-se a conjugação dos verbos irregulares no subjuntivo. É necessário ficar atento, pois tais verbos podem confundir. Exemplo: por, compor, propor, poder, trazer, fazer, dizer, querer, ver, vir, ir, ter, manter, conter.

Segue alguns exemplos:

Se o vir, darei o recado - Se eu o ver, darei o recado
Se ele mantiver o acordo, tudo sairá bem - Se ele manter o acordo, tudo sairá bem
Quando eles propuserem o valor, nós compraremos - Quando eles proporem o valor, nós compraremos

Para este tipo de dúvida, a gramática é uma grande aliada. Procure na parte de conjugação - Subjuntivo.

9 de novembro de 2010

Ops! Parte 1


Vou apresentar em partes alguns equívocos cometidos na escrita. A parte um refere-se aos verbos "Haver" e "Fazer". Tais verbos NÃO devem ser flexionados quando empregados para indicar tempo passado ou fenômeno meteorológico.

Ex.: Houve fatos inusitados na reunião - Houveram fatos inusitados na reunião
       Havia muitas pessoas no saguão - Haviam muitas pessoas no saguão
       Faz seis meses que não vou ao cinema - Fazem seis meses que não vou ao cinema
       Faz anos que não estudo - Fazem anos que não estudo
       Faz anos que não chove - Fazem anos que não chove.

Gostaria de fazer outra ressalva com relação ao verbo "Haver", quando utilizar tal verbo, não colocar na frase "atrás", pois ocorre uma redundância.
Ex.: cinco anos sofri um acidente de carro OU Cinco anos atrás sofri um acidente de carro.
       cinco anos atrás sofri um acidente de carro.

5 de novembro de 2010

Saber Ou Não Saber

A maioria das pessoas tem muita dificuldade de gravar as regras gramaticais, mas intuitivamente escrevemos de maneira adequada sem precisar consultar uma grámatica ou dicionário.

Muitas vezes não precisamos saber mesmo o porque escrevemos "mexer" com X e não com CH, outras vezes, surge aquela dúvida sobre algumas palavras como "exceção", "ansioso", "sociocultural", então não tem jeito, temos de apelar para o dicionário.

Para quem quer escrever, dever ter um bom dicionário e uma boa gramática somente para consultar. Na livraria encontramos uma enorme variedade, eu indico a gramática do Celso Cunha Gramática e o dicionário Houaiss Dicionário

28 de outubro de 2010

Concordância Nominal: Anexo


Anexo está, ultimamente, ligado a e-mails, só que utilizado de uma maneira inadequada.
Quando for enviar qualquer documento, deve-se escrever:

"Segue anexo ou segue anexa" - se for um documento, uma carta, uma foto etc.
"Seguem anexos ou anexas" - se for mais que um documento, cartas, fotos etc.

26 de outubro de 2010

É preciso saber gramática para falar e escrever bem


Outro mito!
Segundo Marcos Bagno, em seu livro Preconceito Linguístico, relata que se fosse o caso, todos os gramáticos seriam grandes escritores e vice-versa, o que não acontece.
Ainda, Celso Pedro Luft (apud Bagno, 1999:62)afirma: "Um ensino gramaticalista abafa justamente os talentos naturais, incute insegurança na linguagem, gera aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si mesmo".
Assim, a gramática nada mais é do que uma descrição da língua, de suas regras, ou seja, é decorrente do língua, no entanto, a forma de lecionar gramática no Brasil é usada também como forma de poder, visto que permite que apenas alguns "sábios" se apoderem de tal conhecimento. Por isso, a língua passou a ser subordinada da gramática, que deveria ser, assim como o dicionário, um manual de consulta.
Por fim, saber toda a gramática não faz uma pessoa escrever bem, mas utilizar a gramática como uma ferramenta para escrever, isso sim é válido!

22 de outubro de 2010

Português é muito difícil!


Já ouvi muitas vezes essa afirmação!
O interessante é que não é verdade, o que as pessoas relacionam com difícil é o caminho tortuoso em que se apresenta as aulas de português, principalmente de gramática, lecionadas no colégio. A nossa gramática tem dinossauros linguísticos e foi baseada de acordo com as normas do português de Portugal, que praticamente nada tem a ver com o português brasileiro. Além do que não explicam para que que serve a gramática!
Outra coisa que é importante ressaltar é que nenhuma língua é difícil, todo falante nativo sabe a sua própria língua. Uma criança de 3 ou 4 anos fala perfeitamente o português, claro que precisa de aprender algumas sutilezas e que ainda comete algumas irregularidades, mas ninguém ouviria uma criança dizer: "os menina bola joga", isso mostra que ela conhece intuitivamente, por estar cercada de gente falando português, as regras gramaticais: sujeito/verbo/predicado.
Por fim, se existe uma língua difícil, existe para aqueles que querem aprender uma segunda língua quando adultos, isso sim é difícil!

21 de outubro de 2010

O que se fala, não se escreve!


A maior dificuldade para escrever é passar o que se fala em escrita. Escrever exige tempo e prática, assim, muitas pessoas acreditam no mito de que para escrever tem de estar "inspirado", o que impede muitos de desenvolverem a habilidade de escrever.
Há várias formas de textos escritos: bilhetes, artigos, cartas, e-mails, blogs, acadêmicos etc, por isso, para cada forma de texto existe uma maneira adequada de escrever.
Bilhetes, e-mails e blogs entram na categoria do mais próximo do coloquial, ou seja, da fala, já os artigos, cartas, textos acadêmicos seguem normas próprias.
Na fala temos uma maior liberdade, até porque contamos com os gestos, a expressão corporal, mas na escrita as regras prevalecem, apresentando assim mais clareza ao leitor.

20 de outubro de 2010

The Danger of a Single Story

http://www.ted.com/talks/lang/por_br/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html

Esse vídeo é realmente tocante, esta autora é palestrante sobre a relação do livro com o leitor. Cada pessoa possui várias facetas, várias nuances...